5/8/2008
Boi pirata": Pecuaristas retiram gado da Terra do Meio

Produtores estão antecipando a retirada dos bovinos para evitar multas, apreensões e processos judiciais.

Após a apreensão de 3,5 mil cabeças de gado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na "Operação Boi Pirata", os pecuaristas paraenses estão retirando o rebanho bovino das fazendas na área da estação ecológica antes mesmo de receber a notificação. O pecuarista Alessandro Gonçalves disse à Agência Brasil que os fiscais do Ibama foram à sede da propriedade e pediram para retirar o gado que está na área da Terra do Meio. Gonçalves está retirando o primeiro lote de gado antes da notificação porque, segundo ele, ao receber o documento o Ibama dá um prazo de apenas 15 dias para o deslocamento. Ele alega que uma quinzena é insuficiente, pois ainda há outro lote para retirar da área.
Além disso, afirma o pecuarista, esta não é a melhor época para se retirar o gado, porque falta água, as pastagens ao longo da estrada estão secas e os bois vão morrendo de fome e de sede. Alessandro informa que o custo de retirada do primeiro lote de vacas (935 cabeças), que já está na estrada, vai passar de R$ 10 mil e que já morreram 18 bois. "Estamos há quase 80 dias sem chuva e nunca ficou um mês sem chover aqui antes", disse o colono Gilberto Alves Olímpio, que há seis anos comprou um terreno na Terra do Meio.
Péssimas condições - A infra-estrutura e a logística para a retirada do rebanho são precárias. A única via de acesso a São Félix do Xingu é uma estrada de terra. Um caminhão carregado com 18 cabeças de gado demora dois dias para cada viagem, se tudo correr bem. As estradas são esburacadas e com pontes improvisadas com troncos e "pranchões" atravessados sobre os córregos. Não existe ponte de concreto armado, todas são de madeira e, com o peso dos caminhões, duram pouco.
O frete sai caro para quem paga e, mesmo assim, não cobre os custos de quem recebe. É o caso do motorista Sebastião Marques, que tombou o caminhão quando transportava 18 bois e bloqueou a estrada por mais de 12 horas. "O frete aqui na região não pode ser menos de R$ 4 por km rodado", explica Marques. Hoje, o quilômetro está em R$ 3,50, mas os frigoríficos insistem em pagar apenas R$ 2,50. De acordo o motorista, o valor não cobre as despesas com combustível - o litro de óleo diesel custa mais de R$ 3 na Vila Central, único posto de abastecimento na estrada que vai para a Terra do Meio. Cada viagem custa aproximadamente R$ 2,2 mil, dependendo da distância em que estiver o gado.


Fonte: Portal DBO

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