31/7/2008
SP: carne bovina "de segunda" sobe mais que produto nobre

Entre os principais cortes bovinos, os que mais subiram no atacado no último ano foram exatamente os menos nobres, mostra levantamento feito pela Wessel Culinária & Carnes. Enquanto o filé mignon subiu 13%, considerando o intervalo entre o último dia 17 de julho e o período de 9 de julho a 22 de julho de 2007, o músculo subiu 39% em igual comparação. No primeiro caso, o preço chegou a R$ 19,00 e no segundo, a R$ 5,70 o quilo.

A razão para a alta mais expressiva dos cortes menos nobres, na visão de István Wessel, proprietário da empresa, é o aumento do poder aquisitivo da população que fez o consumo crescer. "As classes C e D começam a consumir mais, por isso produtos de menor valor sobem", observa o empresário.

Segundo ele, cortes nobres como o filé se valorizaram menos porque as exportações desse produto pelos frigoríficos recuaram em decorrência principalmente das restrições da União Européia à carne bovina in natura do Brasil desde o início do ano. Além disso, os embarques diminuíram com a escassez de matéria-prima e crescimento do consumo no mercado brasileiro.

O levantamento da Wessel, empresa que comercializa principalmente cortes nobres, refere-se aos preços que a companhia paga aos frigoríficos fornecedores dos cortes. A alta das cotações já foi maior do que é hoje, já que o preço do boi já esteve mais elevado.

A expectativa do empresário é de que boi gordo continue a subir e com ele também os cortes de carne. Há cerca de duas semanas, as cotações do boi gordo recuaram de forma expressiva saindo de R$ 94,00 a arroba no dia 15 de julho em São Paulo para R$ 90,00 no dia 21 deste mês, segundo a Scot Consultoria. Na semana passada, porém, já voltaram a se valorizar, reflexo da escassez de matéria-prima, e ontem a arroba estava em R$ 94 novamente, segundo a Scot Consultoria.

Os preços caíram porque - estocados - os frigoríficos pressionaram os pecuaristas. No entanto, não conseguiram ampliar significativamente as escalas de abate e seguem trabalhando com ociosidade. Como disse esta semana uma fonte de empresa exportadora referindo-se ao boi: "Como derrubar o que não existe?"

Wessel acredita em aumento da oferta de animais de confinamento, o que pode voltar a pressionar o boi. Ele diz ainda que a elasticidade do consumo já foi testada com as recentes altas e admite que há limites para a valorização.

No acompanhamento feito pela Wessel, o miolo de alcatra subiu 23% em um ano, saindo de R$ 7,60 o quilo entre 9 e 22 de julho de 2007 para R$ 9,35 no dia 17 passado. O patinho teve variação parecida, alcançando R$ 7,30. Já o coxão duro subiu 30% no período, para R$ 7,30.


Alda do Amaral Rocha


Fonte: Valor Econômico

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