4/7/2008
Arroba do Boi e Avestruz vivo empatam tecnicamente

Conjunturas mercadológicas distintas entre a estrutiocultura e bovinocultura de corte, resultam em momento insólito no mercado de carnes Os preços do boi gordo, em dólares, alcançaram o patamar mais alto em quase quatro décadas. O preço do boi brasileiro está quase alcançando o do boi gordo norte-americano, um dos mais caros do mundo, juntamente com o europeu, australiano e uruguaio. Para se ter idéia, nos Estados Unidos os animais estão sendo negociados entre US$ 57 e US$ 60 a arroba. Na Austrália, a arroba do boi valia US$ 37,65 e no Uruguai, US$ 43,50. Dados do CEPEA/ESALQ/USP apontam para uma média acumulada neste primeiro semestre de 2008 para a arroba bovina de US$ 48, sendo que neste mês de junho a cotação média fechou em US$ 55. A explicação para esta fantástica valorização do boi gordo é a efetiva falta de animais no pasto, fruto da grande retirada de pecuaristas do setor, que a decênios não vinham sendo rentabilizados a contento, associado a alta do mercado mundial de alimentos, com preços se elevando a cada dia, motivados pela alta crescente do petróleo, que afeta os preços do transporte e logística de distribuição, e a especulação de que há menos terras para o plantio e a pecuária, pressionadas pela recente cultura dos biocombustíveis. Em um viés contrário a arroba do avestruz vivo, desde 2001 vem decaindo cronicamente, resultado da maior oferta de aves para abate, em função da saturação do mercado de reprodutores, com forte queda a partir de 2006, quando efetivamente o setor iniciou abates em grande escala. Dados estatísticos da ACAB permitem pontuar que a arroba do avestruz vivo desvalorizou nestes últimos 6 anos, algo em torno de 50%, caindo de US$ 101 para US$ 50 nos dias de hoje (vide tabela abaixo). Ano (*) @ do Boi Vivo (**) @ do Avestruz Vivo (R$) (R$) 2001 43 167 2002 49 150 2003 58 150 2004 61 142 2005 56 140 2006 54 92 2007 62 90 2008 (***) 79 83 Ano (*) @ do Boi Vivo (**) @ do Avestruz Vivo (US$) (US$) 2001 26 101 2002 30 91 2003 35 91 2004 37 86 2005 34 85 2006 33 56 2007 38 55 2008 (***) 48 50 (*) CEPEA / ESALQ / USP (**) ACAB (***) Média acumulada do 1º sementre de 2008 Obs.: Em ambas as fontes os preços são médias anuais O fato interessante é de que o preço da bovinocultura de corte empata tecnicamente com a estrutiocultura de corte, situação que pode ser utilizada de forma positiva para aculturar a carne de avestruz no Brasil. Esta realidade dentro da porteira, ainda não é observada na mesma proporção nas prateleiras dos supermercados, onde a carne de avestruz ainda aparece cerca de 25% a 30% mais cara que a do boi, mas nunca o diferencial foi tão pequeno. Segundo, Luis Robson Muniz, presidente da Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil - ACAB, o momento é mais do que oportuno para o setor se organizar e, estrategicamente montar uma campanha nacional de marketing para aculturar a carne de avestruz no Brasil. De acordo com a ACAB o consumo per capita da carne de avestruz no país é de 0,005 kg/habitante/ano, frente a 38 kg/habitante/ano para a carne bovina, a dissiparidade é apontada pelo setor, principalmente pela recente atuação da atividade enquanto pecuária industrial, o que se reflete em uma falta de cultura no consumo de seus produtos. Obstáculo que só será vencido com investimentos dirigidos na divulgação e promoção da carne de avestruz, no sentido de organizar degustações sistemáticas nos pontos de venda, assim como, na disseminação das qualidades nutricionais da carne de avestruz, ressaltando seu alto conteúdo nutritivo e baixo valor calórico, em se tratando de uma carne vermelha. A carne de avestruz, portanto, não compete com a do boi, pois, possui nicho mercadológico específico, focando o público que deseja se prevenir contra doenças cardiovasculares, necessita estar em dieta calórica , mas não se abstém de privar da carne vermelha ou, simplesmente, almeja uma maior qualidade de vida.

Fonte: Fonte: ACAB - Assoc. Criadores Avestruz do Brasil

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