26/6/2008
Suspensa venda de carne à Rússia

Um foco de estomatite vesicular em Goiás levou ontem o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) a determinar, de ofício, a suspensão das exportações de carne bovina do Estado para a Rússia. A medida é de adoção obrigatória pelo governo brasileiro em todas as ocorrências de doenças vesiculares, por força do acordo sanitário entre os dois países.

A Rússia ainda não se manifestou sobre o assunto, mas o governo brasileiro espera negociar com o país uma flexibilização das restrições, limitando o embargo à região do foco da doença.

Segundo comunicado do Ministério da Agricultura, os frigoríficos de Goiás podem continuar a exportar para o mercado russo, desde que abatam animais de outras unidades federativas.

Foco

O diretor-técnico da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), José Augusto Cintra, disse ontem que o surgimento do foco de estomatite vesicular em 5 bovinos foi comunicado ao órgão no dia 11 passado, por um produtor do município de Cavalcante, no Nordeste Goiano.

No dia seguinte, uma equipe técnica da Agrodefesa visitou a propriedade, coletou material para exames laboratoriais e isolou a fazenda, vedando a entrada e saída de animais por 21 dias. Após esse período, a venda de animais, inclusive daqueles que apresentaram sintomas da doença, está liberada.

De acordo com técnicos do Ministério da Agricultura, não será preciso abater os animais doentes, pois a doença tem ciclo curto: surge e depois some, não voltando mais a se manifestar no gado

A análise das amostras foi realizada, em Belém, pelo laboratório do Mapa que, na terça-feira, anunciou tratar-se de estomatite vesicular. Esse não é o primeiro caso da doença registrado no País neste ano. Ela já tinha sido diagnosticada em municípios do Mato Grosso. Todos os países que importam carne do Brasil foram comunicados da descoberta, como determina a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Segundo José Augusto Cintra, a propriedade onde se registrou o foco da doença tem um rebanho bovino de 50 cabeças, das quais 5 apresentaram os sintomas da doença, sendo 4 adultos e 1 bezerro. De acordo com ele, os técnicos da área informaram à direção da Agrodefesa de que em visita, ontem, à propriedade constaram que já se encontram praticamente cicatrizadas as ulcerações que a doença provoca na língua, casco e tetas dos animais. Os técnicos também visitaram todas as fazendas que limitam com a do foco, não constatando nova ocorrência da doença.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes do Estado de Goiás (Sindicarne-GO), José Magno Pato, diz lamentar o aparecimento do foco de estomatite vesicular em Goiás, justo num momento em que as restrições impostas pela União Européia às exportações goianas de carne bovina tornaram a Rússia o mercado mais importante para o Estado. “Acho que vão flexibilizar suas próprias exigências, talvez restringindo o embargo ao Nordeste Goiano”, diz.



Fonte: Jornal O Popular

Voltar