12/6/2008
Exportação: Alta de preço leva país a exportar menos carne

A crise mundial dos alimentos chegou também às carnes. A forte aceleração dos preços nos últimos meses está fazendo com que muitos países pisem no freio das importações.

É o que apontam os dados mais recentes da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), divulgados ontem pelo novo presidente da entidade, Roberto Giannetti da Fonseca.

O embargo europeu à carne "in natura", desde o início do ano, também ajudou na queda das exportações brasileiras. Além disso, o país vive um momento de menor oferta de gado e de preços em alta. A arroba atingiu R$ 90 em São Paulo, ontem, segundo o Instituto FNP.

As exportações totais de carne bovina recuaram 26% no mês passado, em volume, em relação ao mesmo mês de 2007. Já o acumulado dos primeiros cinco meses mostram que as empresas brasileiras colocaram 921 mil toneladas de carne bovina no mercado externo, volume 20% inferior ao de igual período do ano passado.

Se forem consideradas apenas as vendas de carnes "in natura", de maior valor e que sofrem o embargo europeu, as quedas são ainda maiores: 29% em maio sobre igual mês anterior e 26% nos cinco primeiros meses do ano.
Com o novo cenário externo, o Brasil deverá registrar queda no volume de carne exportada pela primeira vez nos últimos cinco anos, segundo Giannetti. Na sua avaliação, as exportações totais ficarão próximas de 2 milhões de toneladas -em 2007, foram 2,5 milhões.

Mas se o volume cai, o mesmo não ocorre com as receitas, apesar da valorização do real. Em maio, as exportações do setor renderam US$ 478 milhões ao país, 7,7% mais do que em igual mês de 2007. Já o acumulado em cinco meses indica receitas de US$ 2,1 bilhões, 10% mais do que as de janeiro a maio do ano passado.

Entre os países que mais cortaram as importações de carnes "in natura" em maio, estão Itália (81%), Reino Unido (68%), Egito (62%) e Filipinas (55%).

Líder mundial

O Brasil é o líder mundial nas exportações de carne bovina. De cada três quilos negociados no mercado externo, um sai do país. Apesar de o mercado estar cada vez mais competitivo, a indústria frigorífica quer manter a liderança, mas tem algumas pendências para resolver.

Uma delas é a questão da rastreabilidade. A pouca adesão dos pecuaristas a esse sistema preocupa a Abiec, segundo o diretor-executivo Luiz Carlos Oliveira. A rastreabilidade é estratégica para o país. Além de possibilitar aumento de exportações para a Europa, serve de marketing para o produto brasileiro, segundo Oliveira.
Giannetti diz que a Abiec vai caminhar com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) nessa questão, dando apoio aos pecuaristas para que adotem a prática da rastreabilidade, "agora com mais seriedade e efetividade".

Entre as prioridades da nova administração da Abiec, está a abertura do mercado dos EUA, país que paga mais pela carne bovina mas que também exige um produto de qualidade superior. Na avaliação de Giannetti, hoje o país tem condições de voltar a essas negociações.



Fonte: Folha de São Paulo

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