9/6/2008
MT: arroba do boi gordo atinge cotação histórica

Preço chegou a R$ 82 esta semana, mas o mercado futuro
sinaliza R$ 100 para a arroba no próximo mês de agosto.

Cuiabá/MT
A arroba do boi gordo atingiu a cotação histórica de R$ 82 esta semana em todas as regiões de Mato Grosso habilitadas à exportação. A valorização foi de 100% em relação aos preços praticados em meados de 2006 (R$ 41/arroba) e de 42% na comparação com a cotação do ano passado (R$ 56). Só este ano a arroba do boi já acumula uma valorização de 32%, saltando de R$ 62, em janeiro, para a cotação de R$ 82 registrada ontem.

De acordo com produtores e analistas do mercado, a arroba do boi gordo poderá atingir a marca história de R$ 100 até o mês de agosto. “O mercado futuro (BM&F, de São Paulo) já está sinalizando esta cotação para as próximas semanas e a nossa expectativa é de que atinja este patamar em nossa região no pico da entressafra”, diz o presidente da Associação dos Produtores Rurais de Mato Grosso (APR), Ricardo Borges Castro Cunha.

“Os preços estão confortáveis, mas o produtor deve estar atento porque os custos de produção ainda estão elevados e não permitem aventuras”, alerta o presidente do Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (Fabov), Júlio Rocha.

O diretor da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Eduardo Alves Ferreira Neto, concorda que o momento “é de preços bons, mas os custos são altos”. Segundo ele, o produtor tem que ter cautela e estar informado do que está acontecendo no mundo para planejar seus investimentos e fazer bons negócios.


OFERTA

De acordo com informações do Centro de Comercialização de Bovinos (Centro Boi) da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado, a oferta ainda está reduzida devido à insegurança do pecuarista na recompra do bezerro.

Segundo o vice-presidente da Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso, José João Bernardes, o preço de um bezerro está girando em torno de R$ 750. “Matando um boi gordo de 17 arrobas, o invernista terá uma renda bruta de R$ 1,39 mil, o que não daria para comprar nem dois bezerros”.

O coordenador do Centro Boi, Luís Heraldo Padilha, diz que a conta do pecuarista não fecha porque o custo de produção subiu muito nos últimos anos. “O cálculo para a próxima cria, no patamar de R$ 750, deixa uma margem muito estreita para o invernista. O preço do bezerro está acima da média, deixando o invernista com um pé atrás”.

Devido a esta incerteza, os pecuaristas estão aguardando a oferta de bezerro que virá logo depois da vacina contra a aftosa, época da “desova” de animais para engorda proveniente do desmame.

Na avaliação dos analistas, o mercado segue firme e não há fatores que acusem baixa nos preços.


REPOSIÇÃO

Os pecuaristas afirmam que a oferta de “animais acabados” (prontos para abate) ainda está restrita.

“De fato a reposição ficou cara”, reforça o diretor executivo da Associação dos Proprietários Rurais (APR), Paulo Resende. Por isso, na opinião dele, o pecuarista está preferindo segurar o boi no pasto e matar só o necessário.

“Os custos de produção e reposição subiram muito. Os preços do bezerro estão supervalorizados e não estão compatíveis com o preço do boi gordo”, enfatiza.

A relação de preços, segundo ele, sempre foi de 2,5 bezerros por 1 boi gordo. “Hoje, com o dinheiro de um boi na cotação atual não se compram dois bezerros. A situação é realmente complexa e ninguém tem uma explicação lógica para isso”.



Fonte: Diário de Cuiabá

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