29/5/2008
Falta de animais faz preço da carne de gado disparar

Os criadores de gado na região receberam nas últimas semanas duas informações cruciais para andarem sorrindo à toa pelas fazendas. A primeira é que o mercado está sentindo a falta de animais para o abate, e a segunda foi o reconhecimento por parte da União Européia, de que o Estado do Paraná é área livre da febre aftosa. Dessa forma, o pecuarista está vendo o preço da carne subir todas as semanas, e com tendência de manter ritmo para os próximos meses.

O cenário econômico dos criadores de gado só não está mais animador por conta da escassez de animais no pasto. Hoje, para conseguir comprar um lote de bezerros está mais difícil do que vender vacas magras. Pelo menos é isso o que afirmam os próprios pecuaristas e representantes da classe na região. De acordo com o superintendente de registro genético da ABC – Caracu (Associação Brasileira dos Criadores da Raça Caracu), com sede em Palmas, José Luiz Strapasson, está difícil até de realizar leiloes. “Na última semana não conseguiu atender um pedido de um amigo de Curitiba que queria comprar 500 bezerros. Reuni somente 40. Temos um evento marcado para junho, e do jeito que as coisas vão, não sei se vou conseguir animais para participar”, teme Strapasson, ressaltando que o plantel da raça em Palmas é de 35 mil cabeças.

Ciclo

A dificuldade em encontrar animais para engorda e abate é apontada pelos pecuaristas por conta do ciclo de descarte de vacas que ocorre a cada três ou quatro anos. Segundo o vice-presidente da Sociedade Rural de Pato Branco, Joacir Sbeghen, a diminuição do plantel ocorreu porque há dois ou três anos os pecuaristas eliminaram muitas vacas para custear as despesas das fazendas porque o preço estava ruim. Agora também entra no período de entressafra, com a falta de pasto. “Nos anos em que o preço dos animais estava em baixa, os pecuaristas foram abatendo também as vacas e novilhas para manter as fazendas e fazer algum dinheiro. Como diminuiu o número de matrizes, também teve redução no volume de bezerros que nasceram. Por isso da falta de bois para o abate agora”, explicou Sbeghen, frisando que esse ciclo geralmente é contínuo, e que a normalidade deve ocorrer somente em dois ou três anos.

Sobre a entressafra, o vice-presidente lembrou que estamos entrando no período de escassez de pastagem com a proximidade com o inverno, e por isso tende a diminuir ainda mais o plantel de animais prontos para abate.

Deonir Spigosso


Fonte: Diário Sudoeste

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