20/5/2008
SP: cooperativas exportam mais carne

São Paulo/SP
Pela primeira vez na história, as carnes tomaram a dianteira das exportações das cooperativas agropecuárias brasileiras. Foram US$ 186,7 milhões em receita no primeiro trimestre de 2008, ante a US$ 183,8 milhões do complexo soja e US$ 146 milhões do complexo sucroalcooleiro - setor que nos últimos anos vinha ocupando a primeira posição no ranking cooperativo.

O mercado da Alemanha foi determinante para o resultado das carnes, segundo Evandro Ninaut, gerente de Mercados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). O país europeu importou US$ 92 milhões somente deste produto, mais que o dobro (130%) dos US$ 40 milhões de igual período de 2007.

"Não esperávamos esse resultado para o trimestre. Foi surpreendente, sobretudo, pelo momento de retração do setor sucroalcooleiro, que é o principal produto das exportações cooperativas", diz Ninaut. Ele acrescenta que, além da Alemanha, também houve aumento na receita exportada para Hong Kong e África do Sul.

Ninaut não acredita, entretanto, que esse resultado das carnes vá se sustentar ao longo do ano. Não que haverá retração, mas as estatísticas dos próximos meses devem mostrar forte crescimento nas exportações, sobretudo de grãos, como soja, o que deve levar as carnes para o segundo lugar.

De janeiro a março deste ano, as exportações do complexo soja cresceram 82% na comparação com os US$ 100,6 milhões registrados no primeiro trimestre de 2007. As vendas externas do setor sucroalcooleiro apresentou forte decréscimo neste início do ano entre as cooperativas agropecuárias. A receita com exportação foi 40% menor, um recuo de US$ 243 milhões no primeiro trimestre do ano passado para US$ 146 milhões neste ano. "Os Estados Unidos foram os clientes que mais recuaram em compras", acrescenta Ninaut.

No total, o cooperativismo agropecuário faturou com as exportações do primeiro trimestre US$ 761,7 milhões, 26% de crescimento na comparação com o período de janeiro a março de 2007. Em volume, foram exportados 1,45 milhão de toneladas, ante os 1,57 milhão de toneladas entre janeiro e marços de 2007. "Para o ano todo de 2008, o setor cooperativo espera exportações 20% maiores em valores e algum decréscimo em volume, devido a barreiras sanitárias e tarifárias", acredita o executivo da OCB. Copagril

A Cooperativa Agroindustrial Copagril., localizada na cidade de Marechal Cândido Rondon, no Paraná, foi uma das cooperativas que comemoram o desempenho das exportações, apesar de terem praticamente empatado com o registrado no ano passado. Segundo Ricardo Chapla, presidente da Copagril, foram as vendas externas que compensaram o resultado no vermelho registrado com a venda de frango no mercado interno.

"O milho e a soja tiveram altas muito expressivas e não conseguimos repassar tudo. Apesar do câmbio desfavorável, os preços no mercado externo estão melhores e está nos ajudando a equilibrar as contas", diz Chapla.

Sem informar o preço de venda do frango no mercado interno, o presidente da cooperativa afirma que eles precisariam diminuir o custo de produção do frango em R$ 0,10 - para R$ 1,40 - para voltar a ter lucro na atividade. "Na exportação, dependendo do produto, conseguimos preços até 50% maiores que no mercado interno, como é o caso da coxa e da sobrecoxa sem osso para o Japão", exemplifica o executivo.

A Copagril abate por dia 105 mil frangos, dos quais 70% são exportados e 30%, ficam no mercado interno. A cooperativa deu início a um investimento de R$ 12 milhões para ampliar o abate até o final deste ano para 140 mil frangos por dia e, até o ano que vem para 150 mil animais.

Fabiana Batista


Fonte: Gazeta Mercantil

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