15/2/2006
Defesa sanitária na mira do XXXIII Conbravet

A 33ª edição do Conbravet (Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária) promete ser uma grande oportunidade para médicos veterinários de todo o país se atualizarem a respeito das mais importantes discussões do setor. O evento será realizado entre os dias 7 e 12 de maio em Cuiabá (MT), juntamente com o Enipec 2006 (Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária). A expectativa não poderia ser outra: o recorde de público de todos os Conbravet’s já realizados no país foi alcançado em Mato Grosso, em 1986, com 3,5 mil participantes. De lá para cá, muita coisa mudou para os profissionais: o uso de tecnologia em produção e reprodução animal aumentou. É também cada vez mais urgente o domínio sobre a prevenção e o diagnóstico de doenças ante a já exposta fragilidade sanitária do Brasil.

Temas como estes não poderiam estar fora da programação do XXXIII Conbravet. Com 35 palestras e quatro mini-cursos, o evento busca enfocar também conceitos de higiene e saúde pública. “Temos que buscar também a saúde de quem vai consumir o produto”, explicou o vice-presidente da comissão científica do Conbravet, Jair Vicente de Oliveira. Atenta a isso, a comissão científica também reservou espaços para discussões sobre doenças silvestres.

Uma das três palestras magnas será sobre medicina veterinária preventiva, com enfoques na ocorrência dos casos de febre maculosa e na ameaça da gripe aviária. No ser humano, a febre maculosa pode ser confundida com uma alergia, por isso, é importante que se esclareçam os mecanismos de atuação da doença.

Defesa sanitária é o assunto da segunda palestra magna do Conbravet, a ser ministrada pelo médico veterinário Victor Saraiva, coordenador de doenças vesiculares do Centro Pan-americano de Febre Aftosa, entidade ligada à Organização Pan-americana da Saúde. A ocorrência de focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, em outubro de 2005, suscitou uma série de embargos às exportações de carne pelo Brasil e trouxe à tona novamente as discussões sobre sanidade dos rebanhos. A febre aftosa, tema sempre presente nos Conbravet’s, desta vez terá uma abordagem diferente: a padronização de procedimentos após a detecção de um caso positivo da doença, com o objetivo de integrar os médicos da rede particular para a comunicação de focos às autoridades públicas.

A outra palestra magna do evento terá como tema o impacto do estresse ambiental na reprodução de fêmeas bovinas como, por exemplo, o estudo sobre as alterações fisiológicas que o animal pode sofrer devido à influência de fatores externos como a estiagem ocorrida no segundo semestre do ano passado em algumas regiões do país.

Bem-estar animal

O animal destinado a abate deve sofrer o mínimo possível. A frase é uma espécie de máxima dentro dos conceitos de bem-estar animal, uma nova linha de pesquisa que começou a surgir na medicina veterinária há cerca de cinco anos. Tanto em questões éticas quanto de mercado, é consenso que os animais devem descansar, ser hidratados, não sofrer danos durante o transporte e ser sacrificados sem dor sempre que possível. As regulamentações e técnicas para atender a estes quesitos são tema de uma das palestras, na tarde do dia 11. “Antigamente, o indivíduo tinha 20 cachorros em casa... Agora, os municípios têm leis que obrigam a ter um médico veterinário cuidando destes animais”, exemplifica o vice-presidente da comissão técnica do Conbravet.

Na outra ponta, os pecuaristas também têm sido cobrados quanto a estas normas. Quando transportado de maneira incorreta, o gado pode desenvolver hematomas e, na hora do abate, as perdas atingem até 30% da carne. No Brasil, grandes redes de supermercados já exigem selos de garantia de origem de propriedades rurais e frigoríficos. Há exigências também para o comércio varejista.

Pequenos animais e mini-cursos

Os debates sobre produção e reprodução de pequenos animais não foram deixados de lado. Durante os cinco dias de programação, haverá palestras com estes enfoques: produção de aves em clima tropical, conservação de sêmen canino em nitrogênio, oftalmologia em pequenos animais, patologia de peixes e muitos outros temas.

O congressista que quiser abordagens mais práticas poderá optar por participar também de um dos quatro mini-cursos, que serão realizados nos dia 8 e 9, portanto, antes do início da programação de palestras, que compreenderá três dias. Os mini-cursos serão: zooterapia e interação homem-animal, clonagem bovina, produção de suínos e impacto ambiental e endoscopia veterinária






Fonte: Olhar Direto

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