14/4/2008
Friboi terá banco próprio para financiar seus fornecedores

O maior frigorífico do mundo poderá financiar seus fornecedores a partir de agora. O Banco Central do Brasil (BC) autorizou o JBS-Friboi a ter a sua instituição financeira. A resolução já foi publicada no Diário Oficial da União, mas o anúncio oficial da criação do banco deve ser feito pela empresa apenas nesta semana.

De acordo com a autorização do BC, o JBS Banco S.A. nasce com um aporte de capital de R$ 30 milhões. A instituição estará autorizada a funcionar com carteiras comercial e de crédito, financiamento e investimento. Além do anúncio da nova empresa do grupo, os rumores do mercado são de que, nesta semana, o JBS poderia também concretizar a compra de um frigorífico - o mais cotado é o Independência , que negou a transação.

Com a autorização do BC, o Friboi será o primeiro frigorífico do País a ter a seu próprio banco - a Sadia também aguarda, mas ainda não teve a aprovação. A empresa já havia sido a primeira de carne bovina a abrir capital e a se internacionalizar. Quando do anúncio da intenção de ter a sua instituição financeira, o presidente do grupo, Joesley Batista, havia dito que queria "fidelizar seus fornecedores". Este seria também o motivo para a criação do banco da Sadia. Na época do anúncio, o presidente da Sadia, Gilberto Tomazzoni, teria dito que precisava que os parceiros da empresa fossem mais competitivos e que a empresa acreditava que poderia "desenvolver produtos mais adequados a eles".

No prospecto de pedido de atuação, o JBS escreveu que faria o financiamento de pecuaristas e fornecedores, além de hedge cambial. Para analistas de mercado, além de a nova empreitada possibilitar o aumento de recursos disponíveis para os pecuaristas brasileiros, também poderá acarretar a redução de custos para a indústria.

"A questão dos banco de grupos tem duas estratégias por trás: financiar seus fornecedores, mas também as operações internas", afirma José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP. Ele lembra que no caso dos fornecedores, pode ser um jeito de fidelizá-los. Paulo Molinari, da Safras & Mercado, diz que o volume de recursos que essas empresas giram cabe um banco próprio, o que pode reduzir seus custos financeiros, além dos trâmites para exportação e o financiamento de produtores. "Em principio pode parecer uma boa notícia, em função da grande liquidez que tem o mercado de carnes hoje no mundo. Além disso, bancos de empresas facilitam o financiamento de compradores e fornecedores, o que acaba sendo benéfico para a expansão das vendas e redução do custo de produção", afirma o sócio-diretor da RC Consultores, Fábio Silveira.

O Friboi solicitou ao BC operar no sistema financeiro em setembro de 2006, enquanto a Sadia fez o pedido em abril do ano passado. Além deles, outras indústrias brasileiras também querem abrir suas instituições financeiras, entre elas, a Embratec, a Marisol, a Randon, a Tigre e a Paquetá. O primeiro banco de uma indústria no Brasil foi criado em 1991: o Votorantin.

Na sexta-feira (11-04), o JBS comunicou ao mercado que irá aumentar o seu capital de R$ 1,94 bilhão para R$ 4,49 bilhões mediante a emissão para subscrição privada, de 360,6 milhões de ações ordinárias, ao preço de R$ 7,07 cada. Os papéis da companhia encerraram o pregão valendo R$ 7,65, com queda de 0,64%.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7)(Neila Baldi)


Fonte: Gazeta Mercantil

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