27/3/2008
Frigoríficos retomam exportações para UE

O mercado foi surpreendido pela informação de que grandes frigoríficos travam acirrada disputa pelas cabeças de gado das poucas fazendas aprovadas para exportação à União Européia (UE). O Frigorífico Independência anunciou nessa quarta-feira (26-03) que iniciou o abate de 429 animais adquiridos em uma das propriedades credenciadas em Minas Gerais para a exportação para UE. Há ainda notícias oficiosas de que o Bertin, também grande exportador, teria adquirido mil animais de fazendas nesse mesmo estado com objetivo de vender ao mercado europeu.

O resultado dessa disputa é um ágio de 17% sobre os preços da arroba que já estavam altas. Há relatos no mercado de que as indústrias estão pagando pelo gado mineiro dessas fazendas R$ 82 a arroba, em um mercado de R$ 70.

"A expectativa era a de que os frigoríficos iriam aguardar a entrada de novas propriedades na lista da UE para, assim, retomar as exportações ao bloco, justamente para não inflacionar o preço do boi. Mas, ao que parece, manter esse mercado é considerado como muito importante às indústrias brasileiras", diz Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria.

Ele acredita, no entanto, que dificilmente os frigoríficos conseguirão manter esse ritmo de abates para exportação à UE. "Não sabemos exatamente qual o tamanho do rebanho dessas 87 fazendas autorizadas. Mas, dificilmente, se conseguirá abater esse volume de animais com continuidade", acrescenta Rosa.

Quando comunicou o fim do embargo, o governo brasileiro anunciou 106 fazendas aptas a exportar para o bloco. No entanto, parte das propriedades não era de gado de corte e foram descredenciadas. Co isso, atualmente, apenas 87 estabelecimento podem vender gado ao mercado europeu.

Apesar de a competição estar elevando os preços - e os custos de produção dos frigoríficos - acredita-se que a operação de venda à UE está fechando no azul. "Temos que considerar que o mercado europeu já paga pela carne, normalmente, o dobro do valor médio pago por outros mercados. Desde o embargo, o preço da carne tem aumentado ainda mais. Fala-se que, no varejo, está entre 20% e 30% mais caro", diz Rosa.

O abate do frigorífico Independência foi o primeiro lote destinado à Europa depois do embargo no final de janeiro. Os produtos foram vendidos para a companhia Meat Import Zandbergen, da Holanda, um dos maiores importadores europeus. O embarque, de cerca de 50 toneladas de carne desossada, será feito na próxima semana. Até então, toda a carne brasileira in natura exportada este ano para a UE era de contratos realizados antes da entrada em vigor das restrições.

O abate de 359 machos e 70 fêmeas foi realizado na unidade de Janaúba, localizada no norte de Minas Gerais. Os animais são provenientes das fazendas Santo Antônio, da cidade de Joaquim Felício; Fazenda Nossa Senhora Aparecida e Fazenda Santa Maria, ambas de Francisco Sá e Fazenda Primavera e Fazenda Nova Cachoeirinha, de Jaíba.

A unidade em Janaúba está sob gestão do Independência há dois anos. Após 1,5 ano de atividades a capacidade de abate foi ampliada para 1,2 mil cabeças por dia.

O Independência tem capacidade atual de abate de 9,5 mil cabeças e está presente sete estados brasileiros com 10 plantas de abate e onze de desossa. Nos últimos doze meses, a companhia apresentou um faturamento líquido de US$ 678 milhões.



Fonte: Gazeta Mercantil

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