14/2/2008
Austrália: previsões otimistas para o mercado de carnes

A indústria de carnes da Austrália parece ter conseguido sobreviver à longa seca e deverá ter um melhor desempenho durante os próximos cinco anos, de acordo com as Projeções para a Indústria de Bovinos e Ovinos 2008 do Meat and Livestock Australia (MLA).

O analista de mercado chefe do MLA, Peter Weeks, disse que o ano passado foi o mais difícil para as indústrias de bovinos e carne bovina, com amplas perdas reportadas para os criadores de gado (particularmente nas áreas secas do sul do país), estabelecimentos de engorda e processadores/exportadores.

As principais causas das perdas foram a severa e prolongada seca, custos recordes dos grãos, aumento do dólar australiano, retorno parcial da carne dos Estados Unidos nos mercados do Japão e da Coréia e menor demanda de importação dos EUA.

Weeks disse que, apesar disso, o rebanho bovino australiano continua acima de 28 milhões de cabeças (que é mais que o nível de antes da seca, em 2002) e uma capacidade de confinamento recorde de 1,15 milhão de cabeças.

"À medida que a seca chega ao fim, o rendimento dos pecuaristas deverá se recuperar para níveis atrativos e isso será direcionado por uma melhor produtividade na fazenda, a eliminação dos custos relacionados à seca, melhor disponibilidade local de grãos e alguma redução nos custos dos grãos".

Além disso, ele disse que os preços dos animais deverão aumentar em 2008, à medida que os produtores buscam reconstruir seus rebanhos. "Estamos prevendo uma estabilização no número de bovinos em 28,3 milhões em junho de 2008, antes de expandir cerca de 2% em 2008-09 e 2009-10".

O MLA antecipou alguns relaxamentos nos protocolos para a entrada da carne bovina dos EUA na Coréia em março e no Japão até o meio de 2008, resultando em um reajuste significante das exportações de carne bovina da Austrália para o Norte da Ásia para mercados que estão se fortalecendo em outros locais da Ásia (incluindo exportações de bovinos vivos), para os EUA e para o mercado doméstico em curto prazo.

Isso será estimulado por uma esperada prosperidade na economia australiana, pela demanda interna de carne bovina, pelos preços quase recordes da carne dos EUA e maior demanda de importação, pela menor competição com o produto brasileiro e pela forte demanda do Sudeste da Ásia e da China.

A menor produção de carne bovina, a alta do dólar australiano e a maior competição dos EUA deverão causar uma queda de 5,5% nas exportações de carne em 2008, para 890 mil toneladas - com o declínio em grande parte relacionado ao Japão e a à Coréia.

A produção de carne bovina e de vitelo da Austrália deverá cair 3% em 2008, para 2,13 milhões de toneladas, com declínios na produção de carne bovina oriunda de animais criados com grãos. A produção de carne bovina de animais criados a pasto deverá pelo menos se manter, particularmente na segunda metade do ano, como resultado da melhora nas pastagens e na disponibilidade de novilhos e novilhas deixadas no pasto devido ao grande corte no número de animais destinados a estabelecimentos de engorda.

A prosperidade do mercado da Indonésia e a maior disponibilidade de animais jovens no norte da Austrália deverão direcionar uma expansão de 8% nas exportações de bovinos vivos em 2008, para 760 mil cabeças, com mais crescimento em médio prazo.

A forte demanda doméstica e uma redução na competição por ofertas de mercados de exportação poderão levar a uma maior participação dos consumidores locais em 2008. O consumo doméstico deverá aumentar em 1%, para 785 mil toneladas e 8% até 2012, para 850 mil toneladas.

Os gastos dos consumidores australianos com carne bovina aumentaram em 65% desde 1999, incluindo um aumento estimado de 3% em 2007, para A$ 6,7 bilhões (US$ 6,04 bilhões). Isso pode ser em grande parte atribuído ao prolongado período de expansão econômica e crescimento nos gastos, melhora na qualidade e marketing da carne, além de uma imagem de melhor saúde e segurança das carnes vermelhas de forma geral.

O médio prazo deverá ser caracterizado por uma firme expansão do rebanho bovino australiano, na produção de carne bovina e de vitelo, nas exportações de carne bovina e bovinos e no consumo doméstico, atraídos pelo contínuo crescimento na demanda global por carne bovina e talvez, pensando de forma otimista, de melhores condições climáticas e queda no dólar australiano.

"As previsões de médio e longo prazo para o mercado global de carne bovina se fortaleceram nos últimos 12 meses devido ao impacto dos maiores custos dos grãos nos preços de todas as carnes, ao crescimento econômico sincronizado em importantes mercados - a desaceleração nos EUA apesar disso -, ao crescimento populacional, à maior demanda de importação européia, atrasos futuros na reconstrução do rebanho dos EUA e um severo aumento nos preços da carne bovina da América do Sul".

"Além disso, a imagem melhorada da Austrália como um fornecedor confiável de carne bovina de alta qualidade, segura e deliciosa e nosso status de livre de doenças nos coloca em uma posição ideal para participar do esperado crescimento no consumo de carne bovina, particularmente na Ásia e na América do Norte".


Fonte: Beef Point

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