2/1/2008
Fundo privado garante carne de qualidade para exportação

A Câmara Setorial da Carne Bovina, da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, propõe ao governo a criação de um fundo privado de desenvolvimento da pecuária no Estado. A idéia dos produtores é instituir, no setor, uma forma ágil de captar recursos para investimentos na cadeia produtiva, de forma que a carne paulista ganhe em qualidade e desperte o interesse de grandes mercados compradores.



Para se ter uma idéia da situação atual, uma recente visita de técnicos da Comunidade Européia condicionou importações ao controle sanitário mais eficiente do gado. Mas acontece, hoje, que o produtor reclama da falta de dinheiro para investir em processos que sirvam para certificar a excelência da carne produzida.



Quem olha o setor de fora, acha que o pecuarista nada em dinheiro. A Fundação Getúlio Vargas (FGV), por exemplo, divulgou que a alta bovina acumulou alta de 13,35% de janeiro a novembro de 2007. Há cinco anos a variação não era tão grande.



Mas acontece que a alta da carne no supermercado não indica que o pecuarista tem lucro. “Na verdade, o preço sobe em decorrência da baixa oferta de animais para o abate”, avalia Constantino Ajimasto Júnior, presidente da Câmara Setorial. “Com o produto subvalorizado, o produtor diminui o rebanho abatendo fêmeas.”



O drama, na visão do pecuarista, é que o produtor não faz o preço. A indústria frigorífica controla o processo de comercialização “precificando” nas duas pontas: o que é pago ao pecuarista e o que é pago pelo consumidor. “O produtor vai no vácuo e segue a indústria nesta montanha russa, ora com preços abaixo do custo, ora tão elevados que provocam calafrios de medo da inadimplência”, afirma.



A opção pela redução do rebanho também decorre, a seu ver, de uma cultura história de que a comida brasileira precisa ser barata: “Este é um País em que se paga R$ 3,00 por uma cerveja, mas que protesta quando o litro do leite sobe para R$ 1,50”, compara Ajimasto Júnior.



Ele considera que, na alma do problema, está um arcaico sistema de comercialização que ignora a classificação do produto. Se o produtor manda para o mercado carne boa ou carne ruim, a remuneração é a mesma.



Para Ajimasto Júnior, se acontecer a alardeada suspensão das importações européias, vai sobrar carne nos açougues. E o preço vai cair ainda mais, para a frustração dos produtores.



Solução



Reunidos na Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, coordenadores do grupo de desenvolvimento agropecuário informaram que a criação no novo fundo privado (útil para ações de defesa sanitária) está sendo articulada por técnicos da Federação de Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp).



O órgão gestor do fundo precisa reunir representantes de todas as etapas da cadeia (do produtor ao consumidor, passando por intermediários como a indústria frigorífica). “Vamos ganhar em agilidade. Quando o pecuarista e o empresário se unem, o setor ganha em produtividade e qualidade, já que todos os envolvidos compartilham decisões e iniciativas estratégicas”, afirmou Francisco Sérgio Ferreira Jardim, superintendente federal em São Paulo do Ministério da Agricultura, durante o encontro com membros da câmara Setorial.



Fonte: Correio Popular - SP

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