21/12/2007
Rastreabilidade faz UE restringir carne brasileira

Por causa de problemas detectados na pecuária brasileira durante visita de técnicos da União Européia em novembro, principalmente referentes à rastreabilidade, a União Européia anunciou esta semana o aumento das restrições à carne brasileira.



De acordo com o superintendente Federal de Agricultura, Orlando Baez, o principal problema é que a rastreabilidade do rebanho brasileiro não atende às exigências internacionais da União Européia.



Ele lembrou que Mato Grosso do Sul possui 3 milhões de cabeças de gado inclusas no Sisbov (Sistema Brasileiro de Certificação de Origem Bovina e Bubalina), o que representa 15% do rebanho, distribuído em 1.100 propriedades rurais. “O problema não é a quantidade, mas a qualidade. Nosso jeito de fazer rastreabilidade não está de acordo com as conformidades da União Européia”, explicou. “As exigências são muito grandes; não tem sido nada fácil”.
Baez ressalta que os europeus terão que entender que o sistema produtivo brasileiro é muito diferente do europeu, por isso a dificuldade de atingir 100% de rastreabilidade. Enquanto na Europa o gado vive quase que em situação de confinamento, no Brasil a pecuária é extensiva. E há peculiaridades, como o caso do Pantanal, onde o manejo é ainda mais difícil.



Segundo nota divulgada ontem pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), conforme decisão da EU, o governo federal deverá apresentar até 31 de janeiro, em caráter provisório, um número limitado de fazendas, cujo rebanho poderá ser encaminhado aos frigoríficos brasileiros habilitados para a exportação. Após essa data, animais provenientes das fazendas não listadas não poderão ser abatidos com vistas à exportação para a União Européia.



De acordo com a medida, a União Européia espera receber, até meados de março de 2008, relatórios de inspeção e auditoria relativos às fazendas que tenham sido listadas para, em seguida, enviar nova missão de auditoria ao Brasil. Posteriormente, poderão ser gradualmente acrescentadas novas fazendas à lista inicial. Desde outubro de 2005, a União Européia vetou a compra de carne bovina brasileira, mas mantém o comércio de carne bovina in natura sem osso e maturada.



Segundo Orlando Baez, a imposição não terá grandes impactos, já que a União Européia não terá outra alternativa senão voltar a comprar a carne brasileira após a concessão do selo de área livre de febre aftosa com vacinação pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal). Ele disse que a restrição tem “excesso de zelo”. “O mundo inteiro vai voltar a comprar carne brasileira e a União Européia não será diferente; nenhum outro país produz carne em larga escala como o Brasil”, garantiu.



Fonte: Diário MS

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