12/12/2007
UE fará novas restrições à carne bovina brasileira

Uma comissão da União Européia (UE) esteve no Brasil no mês passado para analisar as condições de produção de carne no País, por causa de pressões políticas contra a carne brasileira, principalmente por parte da Irlanda e Inglaterra, que são altamente protecionistas. A missão européia concluiu que a situação da produção de carne no Brasil não é boa. Uma série de melhorias foi solicitada, principalmente no que diz respeito à rastreabilidade. As informações são da Scot Consultoria.

Mesmo assim, a União Européia anunciou que vai limitar a compra de carne bovina brasileira. Essa limitação deve ser feita através do fim da habilitação sanitária automática das unidades frigoríficas situadas em zonas autorizadas, além da suspensão temporária do abate de bois de confinamento com fins de exportação para a UE.

As medidas protecionistas, no caso dos animais de confinamento, levam em consideração a necessidade de prazo mínimo de permanência do gado no estabelecimento antes do abate: 90 dias nas zonas habilitadas e 40 dias na última propriedade autorizada a exportar. Às vezes, em confinamento, este prazo não cumprido.

A decisão da União Européia ainda não foi tomada, mas as especulações sobre o assunto são grandes. Talvez o que esteja fazendo os europeus pensarem um pouco mais no assunto seja o fato de que a limitação das compras do produto brasileiro levará a um forte aumento dos preços da carne na Europa. (MGT)

Importância da União Européia como cliente

A União Européia responde por cerca de 24% das exportações brasileiras de carne bovina em volume e 35% em faturamento.

Considerando que a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) espera que as exportações de 2007 fechem em 2,50 milhões de toneladas equivalente carcaça, com faturamento de US$4,45 bilhões, podemos estimar que a UE ficará com 600 mil toneladas equivalente carcaça de carne bovina brasileira (o equivalente a 100% das exportações do Uruguai ou da Argentina, por exemplo), proporcionando US$1,56 bilhão (o equivalente a quase 100% do faturamento brasileiro, com exportações de carne bovina, em 2004).

Essas 600 mil toneladas equivalem a 2,5 milhões de cabeças bovinas de 16@, algo entre 5% e 7% da produção brasileira de carne bovina estimada para este ano. Pode parecer pouco, mas não é. Talvez em períodos de escassez de oferta, uma eventual perda ou aumento das restrições para atender esse mercado não sejam tão sentidas pelos produtores. Mas em períodos de oferta abundante, a situação passa a ser outra.

Vale destacar ainda que o preço médio da carne bovina exportada para a UE está 73% mais alto do que o da Rússia e 60% mais alto que o do Oriente Médio, os outros dois principais clientes brasileiros. Portanto, a perda desse mercado levaria ao achatamento das margens dos exportadores, dando força a pressões baixistas sobre as cotações da arroba. Inclusive, alguns programas de premiação/bonificação poderiam ser cancelados. Além da UE e, internamente, as churrascarias, nenhum outro mercado que o Brasil atende é muito exigente em qualidade, portanto não seria necessário pagar a bonificação.

O Chile também exige rastreabilidade, sendo o melhor mercado da América do Sul. Mas após os casos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e Paraná, restringiu as compras apenas ao Rio Grande do Sul. Como a produção de carne no extremo Sul do País despencou, e há pouco gado rastreado na região, o Brasil hoje exporta muito pouco para o Chile. (FTR)


Fonte: Equipe Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

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