3/9/2007
Adiada mudança de gestão do Sisbov

O Ministério da Agricultura decidiu adiar, de dezembro deste ano para fevereiro de 2008, a transferência da gestão da base de dados do serviço de rastreamento de bovinos (Sisbov) à iniciativa privada. Em meio a divergências e disputas na cadeia produtiva pelo controle dos dados, o governo foi alertado sobre possíveis problemas de sigilo comercial com a abertura de dados sensíveis, como o estoque de gado em mãos de pecuaristas.

"Nem as entidades podem ter acesso a determinados dados, que são de uso restrito do governo", afirmou o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Marcio Portocarrero. "Por isso, vamos estudar a melhor forma de repasse da gestão da base". O secretário informou que a opção pelo adiamento também se deve ao funcionamento do novo Sisbov. "Vamos esperar o sistema rodar dentro das novas regras para avaliar as questões de informática".

As novas regras do Sisbov passam a valer plenamente a partir de 1º de janeiro de 2008. Até lá, dois sistemas funcionam em paralelo. "Acho que depois de fevereiro teremos uma boa noção sobre a melhor forma de transferir a gestão".

A gestão da base de dados do novo Sisbov envolve o poder de controlar milhares de cadastros de propriedades e de pecuaristas, a relação de todos os animais identificados, as movimentações e o tipo de abate. É uma informação estratégica que já resultou em disputas entre pecuaristas e frigoríficos.

O sistema antigo registrou, em quatro anos, a adesão de 82 mil propriedades e mais de 30 milhões de animais. O instrumento possibilita localizar o número exato de animais rastreados em cada propriedade e o prazo quarentenário de cada um. É possível saber, por exemplo, o volume de gado pronto para o abate, o que pode interferir nas cotações do boi. O sistema atual está configurado para permitir a atualização dos dados por certificadoras e frigoríficos. São registradas as saídas de animais das fazendas com Sisbov para as não-habilitadas e a entrada de animais nas habilitadas.

A proposta de transferência abriu um racha nas entidades de representação. O Fórum Nacional de Pecuária de Corte já debateu o assunto, mas não chegou a um consenso sobre quem administraria a base. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) reivindicam o direito de administrar os dados de 80 mil clientes e controlar o acesso de outros três mil usuários ao sistema.

O governo, que concordou com os apelos dos setor para delegar a gestão da base, reafirma que a decisão sobre a administração do sistema deve ser discutida dentro da cadeia da carne. "Seguimos com a mesma posição de abrir a possibilidade, mas cabe ao setor decidir quem cuidará da gestão", diz Portocarrero.



Fonte: Valor Econômico

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