18/7/2007
Sistema de criação sustentável

O Brasil tem a força de sua pecuária de corte – cria, recria e engorda – em áreas de pastagens. Para a exploração nessas condições deve ser considerada a planta, o clima, o solo e o animal como fatores que interagem entre si, tornando o sistema de pastagem sustentável, segundo o professor Valdo Rodrigues Herling, da área da forragicultura e pastagem da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, em Pirassununga (SP). “Quando se respeita esses fatores, o produtor consegue produzir, sem agredir o ambiente e obter resultados dentro do dentro do potencial de cada sistema de criação”, afirma.

Para potencializar o sistema produtivo, Herling recomenda atenção às necessidades de cada elo do ecosistema. “Assim, melhorando o solo e adequando as plantas forrageiras às condições de solo(profundidade, textura,fertilidade, umidade,etc.) e ao clima ideal para cada espécie e ou cultivar de planta forrageira, é possível obter resultados satisfatórios nos sistema produtivo”, assegura.

Demanda de alimento

No entanto, o professor lembra que o produtor pode lançar mão de métodos específicos para exploração das pastagens em que a demanda e oferta de forragem devem ser satisfatórios. Herling afirma que não se deve, necessariamente, optar por um método ou outro, mas dimensionar a quantidade de forragem necessária para atender à demanda alimentar desses animais.

“Uma vez cumpridas essas etapas, o pecuarista pode alcançar os seus obejtivos no que diz respeito à produção de carne em área de pastagem, sem resíduos de defensivos agrícolas, sem desequilibrar a participação dos componentes do ecosistema“, analisa e lembra que quando for necessário fazer o controle de invasoras e insetos predadores existem disponíveis técnicas de controle biológico, sem impacto ao meio ambiente.

A idéia de produção sustentável passa pelo manejo correto, dentro dos requisitos apregoados da criação do boi verde, o que pressupõe a colocação da quantidade de animais que a pastagem suporta – de forma a não faltar alimento e a não prejudicar a capacidade de rebrota do capim. “O sistema não degrada, animal fica nutrido e consequentemente ganha peso, que é o objetivo final da criação”, afirma o pesquisador da área de pastagem da Embrapa Gado de Corte, Alexandre Agiova.

Por outro lado, para não faltar forragem na seca, ele sugere a vedação de uma área para essa finalidade, que é a forma mais barata. “É necessário que o animal passe essa fase sem perder peso, que será recuperado nas águas. É o chamado ganho compensatório”’ diz.

Para criador, selo ambiental traz vantagens no futuro

No ano passado, a Fazenda Terra Boa, em Guararapes (SP), recebeu ISO 14001, que atesta um trabalho antigo da fazenda, de preservação ambiental e exploração sustentável. Embora não espere retorno econômico no curto prazo, o selecionador de nelore PO, José Luiz Niemeyer dos Santos sabe das vantagens, no futuro, com os cuidados com o solo, na redução das despesas com corretivos e adubos e na preservação de nascentese cursos de água, além do menor consumo de eletricidade. “Isso é benefício econômico”. Agora, ele está buscando a certificação européia EuroGap, cujo retorno é imediato. “Os frigoríficos pagam mais pela arroba do boi certificado pelo EuroGap”, diz Niemeyer, que também engorda de gado. “Estamos fazendo alguns ajustes para obter o selo”.



Fonte: O Estado de S. Paulo

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