20/4/2007
Questões sanitárias seguram preço do boi

O preço da carne bovina - valor pago ao produtor pelos frigoríficos - começou o ano estagnado no Paraná em R$ 54 a arroba (15 Kg).
O valor do produto teve reação após o carnaval quando atingiu o pico de preço no ano e chegou a R$ 56 a arroba.
O aumento de preço foi provocado pelo aumento da demanda no mercado interno, com o fim das férias.
No entanto, o valor da arroba, voltou aos patamares do início do ano na segunda semana de março, quando a arroba custava R$ 54.
O mês de abril começou também sem grandes alterações nos preços da carne.

Esta semana a arroba era cotada em R$ 55,00 O economista do Sindicato da Indústria de Carne do Estado do Paraná (Sindicarne-PR), Gustavo Fanaya, explica que a tendência para o preço hoje é de queda.
Mas, a manutenção desta situação vai depender de diversos fatores.
Um deles é o clima, ou seja, as pastagens utilizadas para a pecuária dependem muito de como vai ser o inverno e o volume de chuvas.
'Com a seca, o boi fica com peso menor, enxuga o mercado e aumenta o preço do boi e da carne para o consumidor final', disse.
O outro fator determinante para o preço da carne é o câmbio.
'Se não fosse o câmbio, o boi estaria custando R$ 80 a arroba', afirmou.
Além destes fatores, o preço carne vai depender da questão sanitária que, segundo o economista, 'tem armadilhas graves'.

OIE - O Paraná ainda não recuperou o status de área livre com vacinação junto à Organização Internacional de Epizootias (OIE) e não tem previsão de voltar a ter esta condição.
A organização tem uma reunião em maio mas a situação do Paraná e do Mato Grosso do Sul (estados mais afetados com a crise da febre aftosa) não está na pauta.
Já o consultor Alcides de Moura Torres Júnior, sócio-proprietário da Scot Consultoria, empresa privada de análises do agronegócio, é mais otimista com o mercado.
'Os produtores irão recuperar preço, não rentabilidade.
Mas o cenário atual é muito melhor do que o do ano passado', salientou.

A projeção de preços melhores, segundo ele, deve ocorrer no segundo semestre, não só porque o período é de entressafra, mas também pela redução das áreas de pastagens, ocupadas pela soja e a cana-de-açúcar.
O consultor cita ainda um estímulo do próprio mercado, que registrou três anos de preços baixos.
A baixa cotação levou a um maior abate de fêmeas, reduzindo a oferta de bezerros.
'Menor oferta de bezerro leva a um aumento do preço da arroba do boi gordo', afirma.

Embargo - Hoje, cerca de oito países ainda mantém o embargo à carne brasileira.
No entanto, a maior parte das restrições são para os produtos do Paraná e do Mato Grosso do Sul que sofrem embargos de 54 países.
No Mato Grosso de Sul ainda há focos de aftosa.
Aqui, o problema é o status internacional.
Com o embargo, o Paraná deixou de exportar desde outubro de 2005 até o início de abril US$ 425 milhões ou R$ 867 milhões (considerando o dólar a R$ 2,04) em aves, suínos e bovinos.

Perspectivas - Ao longo do ano, Gustavo Fanaya acredita que o preço da arroba fique estável no Paraná a não ser que o Estado consiga retomar o status de área livre ou que haja valorização do dólar.
A valorização cambial, segundo ele, mexe com a capacidade que os frigoríficos exportadores têm de comprar boi no mercado interno.
Em 2006, a arroba do boi começou o ano em R$ 48 e atingiu o pico de baixa em abril quando era cotada a R$ 45, valor mais baixo da história da pecuária do Paraná, momento posterior ao abate dos bois que tinham supostamente a aftosa.
No ano passado, apesar da crise, o valor da arroba teve uma variação positiva de 12,5%.

Dieese - O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sandro Silva, disse que, para o consumidor final, a carne teve uma queda de 4,36% comparando fevereiro de 2007 com dezembro do ano passado.
Ele acredita que neste início de ano o preço deve ficar estável ou até em queda.

Vai depender do clima, ou seja, de como será o inverno.
De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura (Seab) a média de preço pago ao produtor por arroba (no boi para corte) neste ano é de R$ 51,89.
Em 2004, chegou a R$ 55,89, um ano antes da crise.
Comparando 2007 com 2004, a queda no valor da arroba foi de 7,15%.




Fonte: Clube do Fazendeiro

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