20/1/2006
Entidades definem ações para evitar falência da agricultura catarinense


O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, instalou a reunião alertando que a safra agrícola 2005/2006 começa a ser colhida em fevereiro com uma constatação preocupante: em conseqüência da estiagem que atinge todo o território catarinense, os produtores não terão condições de resgatar os compromissos assumidos com a rede bancária.

O coordenador do encontro, vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, destacou que o objetivo é antecipar soluções em face de constatação de que grande parte dos produtores não conseguirá pagar o custeio da safra. A maciça maioria daqueles que sofreram pesadas perdas não tem seguro agrícola, nem qualquer outra forma de cobertura. “A inadimplência será ampla e generalizada”, prevê.

A estiagem que assola Santa Catarina provoca perdas que se aproximam de 1 milhão de toneladas de grãos que representam prejuízos da ordem de R$ 300 milhões de reais. O forte calor dos último dez dias ampliou as perdas em todas as regiões do Estado, inclusive aquelas que, até então, estavam incólumes.

O produtor enfrenta dois flagelos altamente descapitalizantes. Um, é a seca que devasta as lavouras; o outro é a crise de preços que torna os produtos sub-remunerados. O milho está sendo vendido a R$ 14 reais a saca, quando deveria estar em pelo menos R$ 18 reais; a saca da soja está em R$ 25 reais e deveria estar em R$ 35 reais, enquanto o leite está em R$ 0,35 centavos o litros, que deveria render pelo menos R$ 0,45 centavos.

Os recursos do crédito rural disponibilizados pelo Governo cobriram menos de ¼ das necessidades. Dos R$ 100 bilhões necessários, apenas R$ 23 bilhões foram financiados pelo regime de crédito rural. Os demais 77% foram financiados pelas cooperativas de crédito e pelas cooperativas de produção agrícola que tomaram dinheiro nos bancos e emprestaram aos cooperados que, agora, não podem pagar.

Essas cooperativas financiaram seus associados e estão ameaçadas de descapitalização. Exemplo é a Coopercampos, de Campos Novos, que emprestou mais de R$ 18 milhões de reais aos associados.

Encaminhamentos

As entidades do agronegócio reúnem-se novamente terça-feira à tarde no Instituto Cepa para elaborar documento com base em nova avaliação das perdas porque, nos últimos dez dias, a situação piorou muito. O documento será endossado pelo governador e pela Assembléia Legislativa.

Simultaneamente, as entidades pedirão a presença do ministro na próxima semana, na região de Campos Novos. A comissão das entidades reúne-se com o governador, também na próxima semana, para expor o novo quadro.

Nesse momento, a medida mais urgente é uma resolução do Conselho Monetário Nacional dispondo sobre a situação dos produtores que entrarão em inadimplência a partir do próximo mês. As dívidas ainda não venceram, mas já é certo que o produtor não poderá resgatá-las. (fonte: MB Comunicação)


Fonte: O Fazendeiro

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