23/3/2007
Aumento do PIB não gera renda para o produtor rural, diz Faemg

“Tivemos um ano de muitos problemas em 2006 (seca em algumas regiões, doenças em animais e plantas).
Foi um ano muito complicado, mas que terminou com um crescimento do PIB do agronegócio de 6%.
No último quadrimestre de 2006, este crescimento, talvez, esteja representado em grande parte por causa do comportamento em que se encerrou a safra do café (o ano foi de produtividade alta, com crescimento de PIB – Produto Interno Bruto), de 32,2% do café.

Ele puxou esta alta, que, em parte, foi acompanhado pela cana-de-açúcar, que terminou a colheita no último quadrimestre, quando começaram as chuvas, com crescimento de 26,9%.
Estes produtos puxaram esta produção, que se deu exatamente no último quadrimestre.

É interessante notar que houve um crescimento no setor de pecuária (produção animal) de 9,9%.
Estes crescimentos todos, embora significativos – na média os grãos caíram muito, com queda de quase 10% -, foram compensados por estes outros crescimentos no final do ano.
Apesar de embargos e outros problemas, tivemos um crescimento enorme das exportações no último quadrimestre.

O que é preciso ressaltar disso tudo é que o produtor não participou em quase nada desse crescimento, embora tenha sido ele que o gerou.
Os preços internos da bovinocultura, por exemplo, são muito baixos.
Os do café, quando se considera a taxa de câmbio, ele não conseguiu recuperar as finanças dos produtores.
Se o dólar tivesse valendo em torno de R$ 2,50 ou R$ 2,80, os problemas da cafeicultura estariam resolvidos.
Com este baixo valor não dá para capitalizar pessoal ainda.
Este crescimento da economia, ao meu ver, é focado no setor de agroindústria ou indústria de transformação.

O produtor, que está na ponta, está na “margem” deste grande crescimento.
Todos os veículos de comunicação estão acenando como se houvesse uma franca recuperação do setor por essas notícias boas de crescimento do PIB.
O ano passado começou com tantos problemas que ninguém esperava que no final ele terminasse com crescimento de 6%.
Continuamos com problemas dos produtores, pois eles não participaram muito desses ganhos em preço.

O resultado da exportação de carne bovina não chega ao produtor.
Quem tem tido bom resultado é a indústria frigorífica.
A expectativa é que 2007 consolidasse essa melhoria geral, que a gente pudesse ter preços melhores na agropecuária, mas não são crescimentos espetaculares.
Há uma tendência de melhoria, mas não muito acentuada.
Do ponto de vista dos grãos, há uma expectativa de retomada, tendo em vista o preço do milho (por causa da questão do etanol).
Também houve uma ligeira recuperação do preço da soja”.



Fonte: Clube do Fazendeiro

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