23/3/2007
PIB da agropecuária caiu 2,12% em 2006

O PIB da agropecuária brasileira caiu 2,12% em 2006, reduzindo de R$ 153,04 bilhões, em 2005, para R$ 149,80 bilhões, no ano passado, cujo percentual representa a real dimensão da queda da renda dos produtores em 2006.
As estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), revelam que, apesar do aumento médio de 4,5% na produção das lavouras e de 3,8% na pecuária, os preços reais dos produtos agrícolas caíram, em média, 4,6% e dos pecuários 7,9%.
"O aumento da produção não compensou a queda nos preços em 2006.

Para 2007, o faturamento crescerá, o que não significa aumento proporcional na renda do produtor", disse o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta Ferreira, em coletiva na sede da entidade.

Segundo Cotta, a rentabilidade do produtor está sendo corroída pelos custos da infra-estrutura, pelos custos financeiros cobrados pelas tradings, que financiam 70% da produção, e pelos fornecedores de insumos, que aproveitam os sinais de melhora para reajustar seus preços, devido à baixa concorrência entre as empresas.
Apesar do PIB da agricultura ter crescido 0,47% em dezembro, em relação a novembro, devido à recuperação dos preços de alguns produtos, a queda acumulada no ano chegou a 0,26%.
Assim, o PIB básico da agricultura somou R$ 84,97 bilhões, contra os R$ 85,20 bilhões de 2005.

Embora o volume de produção das lavouras tenha crescido, este comportamento não foi uniforme.
Houve quedas de produção no algodão, trigo, arroz, cacau, mamona e amendoim, compensadas pela significativa expansão do milho, cana, café, feijão, sisal e feijão.
Todos os segmentos da pecuária também registraram crescimento na produção, mas as quedas dos preços pagos pelos produtos foram acentuadas.
No caso dos suínos, os preços reais caíram 18,9%.

Exportações - Enquanto o produtor amarga perda real de renda, as exportações do agronegócio continuam registrando recordes.
No primeiro bimestre, o resultado foi 23,8% superior ao do mesmo período de 2005, chegando a US$ 6,05 bilhões.
Carnes e setor sucroalcooleiro - açúcar e álcool - foram responsáveis por este resultado.

No segmento da carne bovina, as exportações aumentaram 52,8%, alcançando US$ 690 milhões no bimestre, graças ao aumento de 42,9% no volume exportado.
"Está ocorrendo gradativa mudança no perfil da pauta exportadora do agronegócio.
Cresceram as exportações de produtos de maior valor agregado e caiu a participação do complexo soja, neste início de ano", afirmou Ricardo Cotta.
Para o superintendente da CNA, "falta ainda os exportadores de carnes repassarem o aumento das cotações internacionais a seus fornecedores de matéria-prima, os pecuaristas".

As exportações de açúcar e álcool aumentaram 78%, atingindo US$ 1,13 bilhão em 2007.
Somente as vendas externas do álcool aumentaram 145%, enquanto o açúcar cresceu 65,5%, como resultado do crescimento do volume exportado e da elevação dos preços no mercado internacional, em função do aumento da demanda por etanol como combustível.
A entressafra da soja causou queda de 3,9% nas exportações do complexo no bimestre, mas as vendas externas de milho surpreenderam.

O volume das exportações superou as 800 mil toneladas no período, frente as 230 mil toneladas exportadas no primeiro bimestre de 2005.
No entanto, segundo Ricardo Cotta, "os produtores estão ficando em segundo plano neste processo expansionista".
Com a crescente demanda por milho para a produção de etanol, os Estados Unidos reduziram suas exportações do produto e o Brasil poderá conquistar novo espaço no mercado internacional, tornando-se importante exportador de milho.




Fonte: Clube do Fazendeiro

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