9/12/2005 Senado bloqueia CPI da carne
Uma briga entre deputados e senadores ameaça enterrar a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a formação de cartel dos frigoríficos na compra de bois.
Pressionado pelo lobby das empresas, o Senado bombardeia a CPI para restringir as ações à assinatura de um termo de ajuste de conduta entre pecuaristas e frigoríficos.
"Aqui, não sai essa CPI", resumiu o senador Jonas Pinheiro (PFL-MT). "A repercussão seria péssima". Segundo ele, as investigações prejudicariam a imagem do produto brasileiro no exterior. "Vamos aproveitar o momento para encerrar as divergências com um compromisso entre as partes", sugeriu.
O boicote silencioso à CPI é comandado pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Pratini de Moraes, e por parlamentares ligados a frigoríficos. O presidente da Comissão de Agricultura do Senado, Sérgio Guerra (PSDB-PE), apóia a resistência.
O senador disse que o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Antonio Ernesto de Salvo, está de acordo com seus argumentos. Mas o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, informou não haver decisão interna nesse sentido.
A oposição às investigações ganhou corpo na Câmara. Dono de frigorífico, o deputado Vadão Gomes (PP-SP) atua nos bastidores para convencer os colegas a retirar as assinaturas de apoio à comissão.
Vadão referiu-se à briga política entre Ronaldo Caiado (PFL-GO) e José Batista Júnior, pré-candidato tucano ao governado de Goiás. As famílias de ambos disputam o poder político em Anápolis, segunda maior cidade de Goiás.
Presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Caiado nega mover-se por interesses eleitorais. "É uma questão nacional, que começamos a mostrar não agora, mas desde o início deste ano". Entretanto, assumiu a disputa com o dono do Friboi.
O governo acompanha de forma discreta os bastidores dos acordos, mas teme os efeitos das divergências. O Ministério da Agricultura rechaça a CPI e torce por uma solução negociada, segundo um dirigente da Pasta.
Fonte: Valor (por Mauro Zanatta), adaptado por Equipe BeefPoint
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