29/11/2005
Friboi controlou preço interno, revela gravação

A ingerência sobre formação de preços na cadeia da carne no Brasil pode não ter se restringido à compra de boi para abate, mas também na venda do produto ao varejo. O frigorífico Friboi pode ter exercido o controle dos preços no mercado interno. É o que revelam novos trechos das gravações feitas pelo empresário José Almiro Bihl, proprietário do frigorífico Araputanga (Frigoara), que trava uma disputa com o Friboi pelo controle do negócio.


A reportagem teve acesso às transcrições das conversas que ocorreram em Cuiabá, em junho de 2004. Todo o dossiê está nas mãos do procurador Mario Lucio Avelar, do Ministério Público Federal, de Cuiabá (MT).


Logo depois de citar conversas com os frigoríficos Bertin, Independência e Mataboi para combinações de preço para a compra de bois (formação de cartel), o presidente do Friboi, José Batista Junior, afirmou durante a gravação que também exerce o controle dos preços na venda para o varejo.


"Não... mercado interno nós estamos deixando ele... aí é o seguinte: quando começa a querer subir o preço do mercado interno, que o povo começa a querer um preço bom, nós vai lá e derruba o preço do mercado interno, nós vai lá e joga um mundo de carne lá no mercado interno, ai ó... aí (sic)", disse.


O contexto da frase não torna muito clara se a superoferta de carne serviria para afetar os frigoríficos menores que abastecem o mercado interno ou as redes de varejo que teriam interesse em elevar os preços ao consumidor final. O que está implícito na frase é tentativa de demonstrar ao interlocutor quão forte se tornou o Friboi.


Fonte: O Estado de S.Paulo (por Agnaldo Brito), adaptado por Equipe BeefPoint

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