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7/12/2015
Argentina volta ao jogo do agronegócio

Com a eleição de Maurício Macri para a presidência da Argentina, em 22 de novembro, o país sul-americano pode retomar sua força no mercado internacional, segundo especialistas. Para Decio Zylbersztajn, professor da FEA/USP e fundador do Pensa, o novo cenário geopolítico pode impulsionar a reformulação do conceito de Mercosul. "A Argentina é um parceiro comercial muito importante, que trará mais força ao bloco para negociações futuras. Atualmente o Mercosul está ilhado e viu importantes bondes passarem, como a Parceria Transpacífica", destacou Zylbersztajn em debate no Encontro de Analistas da Scot Consultoria, na última semana em São Paulo

Uma das bandeiras de Macri na campanha era o fim das “retenções” - taxação média de 30% nas exportações argentinas. Caso o presidente cumpra a promessa, o país ganhará mais força no cenário internacional, o que, segundo Bernhard Kiep, da AGCO, pode atrapalhar a expansão do Brasil no mercado de carnes. "O marketing que os argentinos conseguiram criar para sua carne é algo sensacional e tornou-se referência de qualidade em qualquer lugar no mundo. Com essas taxações, o Brasil teve mais de 10 anos para poder ocupar a lacuna deixada por eles no mercado internacional, mas não conseguimos", avaliou.

Além dos possíveis entraves por parte dos argentinos, Kiep, que também é produtor rural no Sudoeste de São Paulo, salientou a ascensão de outro país vizinho. "O Paraguai também tem despontado com muita força no cenário internacional. É como se eles tivessem evoluído 10 anos em apenas 24 meses em termos de produção e tecnologia".

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Junqueira, lembrou que as taxações na Argentina fizeram com que muitos produtores rurais estocassem seus grãos à espera de uma eventual baixa nos impostos à exportação. “A Argentina tem hoje cerca de US$ 8 bilhões armazenados em milho, trigo e soja. Pode parecer pouco, mas basta comparar com a reserva do país em moeda estrangeira, que está em torno de US$ 27 bilhões”.

Junqueira também ressaltou o bom relacionamento do país vizinho com a China, que pode tornar-se o destino preferencial destes estoques. “Os produtores precisam vender seus produtos e isso pode derrubar os preços no mercado internacional. Talvez não afete tanto o setor de carne, mas outros segmentos do agronegócio, sim”. “O Brasil deve se reunir com Macri o mais rápido possível e negociar como será feita a distribuição desse estoque”, concluiu.
Mauricio Macri visitou o Brasil nesta sexta-feira, 4, onde foi recebido pela presidente Dilma Rousseff no Planalto. Ele ainda viaja para São Paulo para se encontrar com empresários antes de seguir para o Chile.



Fonte: Portal DBO

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