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20/10/2015
Exportação de carne bovina deve crescer na América do Sul

Motivos são demanda internacional, abertura de mercados, efeitos cambiais e produção
A exportação de carne bovina deve aumentar nos maiores países produtores da América do Sul no ano que vem, indica o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Segundo o órgão, o movimento deve ser amparado pela crescente demanda internacional, abertura de mercados, efeitos cambiais e, em alguns casos, avanço na produção. O consumo interno, porém, deve patinar em algumas nações em 2016 em virtude da desaceleração econômica, da concorrência com proteínas alternativas e da menor oferta em âmbito doméstico.
No Brasil, o USDA espera que a retomada dos embarques a grandes importadores, como a China, além da depreciação do real, incentivem a cadeia a expandir a produção no ano que vem. O aumento será de 1,9%, para 9,6 milhões de toneladas equivalente carcaça (TEC). Para atender à demanda global por proteínas, frigoríficos brasileiros devem ampliar as vendas externas em 10% no ano que vem, somando 1,79 milhão de TEC. O departamento informa que a Rússia deve permanecer como o maior país importador do Brasil no período, mas que mais uma vez deve apresentar compras limitadas - reflexo da queda nos preços do petróleo e da desvalorização do rublo. No que diz respeito aos embarques aos Estados Unidos, o USDA diz que exportadores nacionais esperam que as vendas comecem no início do ano que vem e que o País embarque 60% da cota destinada a "outros países", que soma 64.805 toneladas ao ano.
Já o consumo doméstico deve ficar estagnado em 2016 (+0,25%) e somar 7,88 milhões de TEC. O principal motivo é a crise econômica e política no País. Como fatores negativos desse processo, o USDA cita cortes impopulares feitos pelo governo, elevação de impostos, inflação e desemprego em alta, taxas de juros maiores e menor confiança dos consumidores. "Se a atual crise política continuar no próximo ano, ela pode resultar na perda do grau de investimento, o que agrava ainda mais as perspectivas econômicas", afirma o especialista João Silva, em relatório. Os preços da carne bovina em relação a opções de aves e suínos também limitam a expansão do consumo. No mercado do boi, o USDA diz que a oferta deve continuar restrita ao longo do próximo ano, reflexo das últimas estiagens, e que uma melhora só deve ocorrer em 2017.
Argentina - Os exportadores argentinos também devem embarcar mais carne bovina em 2016. O departamento norte-americano estima que as vendas externas subam 21,7% no próximo ano, para 280 mil TEC - o maior volume registrado desde 2009. O avanço é um reflexo das expectativas de que o sucessor da presidente Cristina Kirchner, independentemente do candidato, deve adotar políticas que favoreçam a cadeia produtiva. "Há muita incerteza no setor, mas muitos participantes acreditam que ajustes serão necessários para aumentar a competitividade do país na exportação", relata Kenneth Joseph, do USDA, também em relatório. Dentre as possíveis alterações estão a retirada de barreiras à exportação, menores impostos e até desvalorização da moeda nacional. Como os brasileiros, os argentinos também aguardam formalidades para embarcar aos Estados Unidos e esperam embarques no início do ano que vem. O USDA nota que vendas à China têm aumentado e devem continuar a crescer, apesar da desaceleração econômica e da queda do yuan.
Por outro lado, a Argentina deve ter a menor produção em quatro anos, estimada em 2,68 milhões de TEC, com queda de 2,2% ante 2015. A retração é explicada pela retenção de fêmeas, processo iniciado em resposta a expectativas de melhora para o setor no futuro. Isso deve resultar em expansão do rebanho, a 53,2 milhões de cabeças em 2016 - maior nível desde 2008. Já o consumo doméstico deve recuar 4,4% a 2,4 milhões de TEC, impactado pela menor oferta de carne bovina no mercado nacional. O consumo per capita anual deve baixar a 56 quilos no ano que vem, de 59 quilos este ano. Dos frigoríficos brasileiros de grande porte, JBS e Marfrig mantêm unidades operacionais na Argentina.
Uruguai - Como o Brasil, o país deve ampliar sua produção e exportação no ano que vem, mas o consumo interno deve ser afetado pela desaceleração econômica e pela competição com alternativas de aves e suínos. A projeção de produção é de 600 mil TEC em 2016 (+6,2%), resultado tanto da maior demanda internacional quanto da maior oferta de animais. Ao todo, 2,4 milhões de bovinos devem ser abatidos no ano que vem, a maior quantidade dos últimos dez anos, o que é possibilitado pela safra recorde de bezerros entre 2013 e 2014. Com isso, analistas consultados pelo USDA indicam que o país deixou de reter matrizes para o crescimento do rebanho.
A exportação deve perfazer 395 mil TEC (+9,7%), a maior quantidade desde 2006. O USDA prevê que a China continue a ser o principal mercado para a carne do Uruguai. No primeiro semestre de 2015, o país foi responsável por 44% dos embarques. "No entanto, há dúvidas sobre o impacto de mudanças econômicas recentes neste país", afirma o analista Ken Joseph, em boletim anual sobre o mercado. A demanda interna deve ficar em 207 mil TEC, a mesma estimada para 2015. O Uruguai conta com frigoríficos da JBS, Marfrig e Minerva.
Paraguai - Diferentemente dos demais países, o Paraguai deve aumentar tanto a sua produção quanto vendas externas e consumo doméstico. A produção em 2016 deve atingir o recorde de 620 mil TEC (+5% no ano), fruto de ganhos em eficiência com o avanço do confinamento no país, que tem sido estimulado pelos preços dos grãos. O investimento estrangeiro na cadeia bovina também impulsiona o segmento. "Bancos locais indicam que o setor pecuário é uma das indústrias que mais demandam crédito", nota Joseph. Nesse ponto, o especialista faz referência à JBS, que está construindo uma planta frigorífica no país. Empresas brasileiras já têm sete dos 12 maiores frigoríficos exportadores do Paraguai. Também há estrangeiros investindo em propriedades rurais para atuar na pecuária.
A exportação do Paraguai deve avançar 6% em 2016 e somar 435 mil TEC. O USDA cita que o mercado chinês permanece inacessível ao país por questões diplomáticas, mas que a abertura da União Europeia deve indicar avanço nos embarques de carne refrigerada. Joseph diz que o país também fornece informações sobre o controle da febre aftosa aos Estados Unidos para tentar iniciar embarques "no futuro próximo". O consumo interno deve subir 2,7%, a 187 mil TEC, favorecido pela maior produção, preços razoáveis e continuidade do crescimento econômico. O USDA também nota que consumidores têm mudado hábitos e demandam cortes melhores no país. Além da JBS, a Minerva atua no mercado paraguaio.



Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO /site PORTALDBO.COM.BR

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