Unimar
 

4/10/2013
Recorde na arroba depende do bolso do brasileiro

Após registrar forte alta em setembro, o preço da arroba bovina no Brasil pode até continuar subindo, mas dificilmente irá renovar o recorde histórico registrado em 2010, por conta da menor disposição do consumidor em aceitar valores ainda mais elevados para a carne.
O indicador Esalq/BM&FBovespa, cotado atualmente a cerca de 110 reais por arroba, encerrou setembro
com alta de 6,5 por cento, aproximando-se em valores nominais do recorde de novembro de 2010, perto de 115 reais por arroba, devido à forte demanda interna e externa.
Mas há um teto para esses preços, segundo a consultora da INTL FCStone Lygia Pimentel e outros especialistas.
Lygia considera que o espaço para altas maiores é limitado pelo poder de compra do brasileiro, que consome 80 por cento da produção total de carne e enfrenta níveis crescentes de endividamento.
"O poder de compra do brasileiro está mais baixo por causa do endividamento... O consumo segue em patamar sustentado, mas o ímpeto do brasileiro em aceitar preços mais altos agora é menor", disse Lygia.
Cálculos da Informa Economics FNP indicam que a arroba teria que subir para 131 reais para superar a marca registrada em novembro de 2010, em termos reais, considerando a inflação no período.
"O pico de preços de 2010 ainda não foi atingido em valores reais, pode ser até que iguale, mas é difícil superar... A crise de oferta (de animais) era muito maior no passado", disse o diretor técnico da Informa, José Vicente Ferraz.
O analista observou que o confinamento --sistema de engorda de animais no período mais seco do ano-- ficou abaixo do esperado por conta do alto custo do boi magro.
Além disso, acrescentou, preços relativamente baixos do contratos futuros na BM&FBovespa, usado como referência no cálculo de pecuaristas, também desestimularam o confinamento.
Dados compilados pela INTL FCStone apontam que o confinamento e semiconfinamento --sistema que intercala confino com engorda em pasto-- deve atingir 4 milhões de cabeças em 2013, abaixo das 4,3 milhões de cabeças previstas no começo deste ano.
O número supera com folga as 2,8 milhões de cabeças confinadas em 2010, ano em que foi registrado o preço recorde da arroba, segundo o acompanhamento da FCStone, mas é menor que o esperado, ressaltam os especialistas.
O coordenador da Agroconsult para a área de pecuária, Maurício Nogueira, considera que esta oferta menor para abate do confinamento tende a manter os preços sustentados pelo menos até o início de 2014, quando a disponibilidade de animais cresce com a entrada no mercado do gado criado no pasto --tipo de criação que predomina no Brasil, o maior exportador global de carne bovina.
Este cenário de alta nos preços é sustentado pela firme demanda, tanto interna quanto externa.
"Este ano, teremos um dos melhores anos de exportação. As previsões são muito boas mesmo", disse o analista da Informa.
O dólar mais forte recentemente beneficiou as exportações de carne bovina, melhorando a competitividade do produto brasileiro frente aos principais concorrentes.
A consultora da FCStone, Lygia Pimentel, ressaltou que o volume destinado à exportação neste ano correspondeu a cerca de 20 por cento da produção nacional no acumulado janeiro a setembro.
As exportações brasileiras de carne bovina somaram 4,16 bilhões de dólares no ano até agosto, alta de 14,12 por cento em relação ao faturamento registrado no mesmo período do ano passado, informou a Abiec recentemente. A entidade que representa os exportadores espera um faturamento recorde com as vendas externas em 2013.


Fonte: Reuters

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